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CHRISTINE

Exposição Individual de Bia Leite

Abertura 17/09, às 19h, com conversa ao vivo entre a artista e a curadora Paulete LindaCelva, no Instagram @panoderodarte.

Criar novas redes de relações dentro da comunidade artística é uma condição dos novos tempos. E é nesse contexto que se instaura a primeira exposição integralmente virtual da artista Bia Leite, reunindo uma série de pinturas na mosta "Christine". Embora virtual, a exposição segue uma dinâmica de galeria reproduzindo o espaço expositivo na sua arquitetura, com o texto curatorial na parede, e a possibilidade de percorrer as obras em um exercício de aproximação e distanciamento.

Paulete LindaCelva (1994) assina a curadoria de "Christine". Recifense radicada em São Paulo, a curadora independente é também DJ, artista visual e apresentadora. Tem sua produção permeada por questões de raça, desobediência de gênero e politicas de afirmação. Vem daí sua afinidade com o trabalho da artista visual cearense que se apropria nesta exposição de elementos da cultura pop e dos gêneros literários e cinematográficos do terror para promover torções nesse universo a partir de questões subjetivas e existenciais. 

Diz o texto curatorial: “Bia Leite cria um exercício narrativo de suas emoções a partir de um gesto cismático de divergência das lembranças e das memórias de filmes de horror e da cultura pop. Nesse movimento entre os labirintos da memória e o fio da narrativa pessoal, percebo que são tramados, produzidos e imaginados possíveis escapes da soledade pela válvula da criação. Não são as imagens da cultura pop em si, mas de como elas se transformam em uma linguagem subjetiva de criação da artista, de suas alteridades e sentimentos. Imagino um espaço de lembrança, mas não só. “Christine” é também um território de desajuste, de conflitos, de alterações, de dissidência... Num sentido poderoso!”.

A série de pinturas reúne 8 trabalhos em técnica mista, acrílica e óleo sobre tela e sobre postar. Levam nomes de músicas do último album de Lady Gaga, "Chromática", um encontro à sonoridade pop dançante que é tão marcante na trajetória da cantora. A pintura para Bia é intimidade, de um trabalho de convivência cotidiana, tem um sentido bem pessoal de materialidade que lhe interessa. Um nome próprio dá título à exposição. Vem do romance de Stephen King que trata do ciúme e foi adaptado para o cinema na década de 1980, se tornando um clássico cult do horror e do suspense. O filme fez parte do imaginário de infância da artista.

“Meu interesse pelo universo pop e pelas imagens em geral vem das expressões cênicas ou das ações”, destaca Bia, que aprecia garimpar outras visualidades e incorporá-las ao trabalho. “Têm várias telas que comprei no Emaús como a arara que compõe um dos dípticos com a menina dos Simpsons e ganhou o nome furtacor, uma música de Luísa e os Alquimistas, um grupo do Rio Grande do Norte. Me sinto misturando todos esses elementos e culturas, isso me interessa. A arara foi pintada por alguém e veio compor, assim como nos outros dípticos que também têm apropriações de imagens que estavam por aí. O pop é isso, palpável, eu amo.”

exposição faz parte do Projeto Rotatórias coordenado pela pesquisadora Jacqueline Medeiros, uma realização do Pano de Roda: território e movimento, e foi contemplado no Edital de Incentivo às Artes da Secult Ceará.

Sobre Bia Leite

Bacharel em Artes Plásticas na Universidade de Brasília. Concentra os estudos em pintura, gravura, desenho e cinema; a colagem é o que guia o processo criativo, abordando temas como a violência, o conflito, o cotidiano, o amor, questionamentos sobre gênero e sexualidade e a força da família tlgbqi+. A música aparece nos trabalhos como trilha de imagens metafóricas da ficção, as séries de pintura  podem levar nomes de filme, álbum de música, blog, meme de reality show de drag queen do ceará, são pensados links entre o texto das composições e as imagens apropriadas do mundo pop. Indicada duas vezes, em 2019 e 2020, ao Prêmio Pipa. Na última edição, ela chegou à fase final de seleção.

Sobre Paulete LindaCelva

É Recifense residindo em São Paulo. Curadora independente, DJ, artista visual e apresentadora. Tem sua produção permeada por questões de raça, desobediência de gênero e políticas de afirmação. Acredita na oralidade como veículo condutor e ancestral de saberes. Paulete é apresentadora do Mote, programa de rádio que discute questões filosóficas em temas como ficção visionária, gênero, raça, decolonialidade, ética, ancestralidade e redistribuição de violências. Desde sua composição MOTE propõe reflexões em torno das formas de dar suporte e difundir o trabalho das artistas. O programa encontra-se sitiado na Cereal Melodia, plataforma online e é gravado na cidade de São Paulo.

TEXTO CURATORIAL

Bia Leite cria um exercício narrativo de suas emoções a partir de um gesto cismático de divergência das lembranças e das memórias de filmes de horror e da cultura pop. Nesse movimento entre os labirintos da memória e o fio da narrativa pessoal, percebo que são tramados, produzidos e imaginados possíveis escapes da soledade pela válvula da criação.

 

Não são as imagens da cultura pop em si mesmas, mas de como elas se transformam em uma linguagem subjetiva de criação da artista, de suas alteridades e sentimentos. Imagino um espaço de lembrança, mas não só. Christine é também um território de desajuste, de conflitos, de alterações, de dissidência... Num sentido poderoso! Como algo que se desprendeu das engrenagens internas do consciente, que fez a máquina do corpo externar memorações como algo desarrazoado, por alguma razão não dita.Uma história já existente e que é cooptada e dada um reuso. Por externar uma outra relação afetiva e por de fato haver um upcycling de telas com pinturas já existentes, mas reconfiguradas pela artista, acontece um remonte do imaginário existente nas figuras, cria-se uma outra temporalidade.

 

Acredito que as obras presentes na exposição são como a remontagem de uma história fragmentada, um frame. A memória cria confissões e ficções que perpassam sensações e sentimentos até então não inteligíveis ao corpo. Nesse percurso a linguagem se confunde em veredas vertiginosas. Imagens sofrem ocupações, são reivindicados mapas para memórias virtuais, carregados elementos visuais que desfazem emoções ainda mais confusas. Por fim, acredito que Bia Leite é ótima em criar outros fios narrativos e que ela, no fundo, sabe que faz isso muito bem.


Paulete Lindacelva,
agosto de 2020. 

Equipe

Coordenação

Jacqueline Medeiros 

Artista

Bia Leite

Curadoria

Paulete LindaCelva

Produção

Kelviane Lima Fernandes

Expografia

Arielly Eduarda

Assossoria de Imprensa

Janaina de Paula e Silvia Bessa

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